terça-feira, 5 de abril de 2011

Uma Nobre no Busão

Diariamente a caminho da labuta eu enfrento as dores e maldições do famigerado transporte público de São Paulo e já que esse é meu karma nessa vida, eu o aceito como um bom cordeiro do Senhor, salvo meus dias de fúria em que rezo pra ter um homem-bomba dentro do ônibus disposto a cometer o atentado a qualquer momento.
Eis que hoje me deparei com uma singular jovem mulher que muito me inspirou. Eis o que ela foi capaz de provocar em mim:


Uma nobre no busão

Ela é bela e requintada
Meio gorda, aburguesada
Se encontra perfumada
Pra iniciar sua jornada

Ereta e distinta
Ela não permite que eu minta
Esconde classe por trás de seus óculos escuros
Ela é nobre, mas parece estar em apuros

Fina e elegante
Uma imagem discrepante
Exalando autoconfiança
Ela desafia os cifrões de sua poupança

Adentra a lotação
Em meio ao caos e à confusão
Ela agora está parada
Parece-me indignada
Em seu rosto, uma expressão marcada
Um bico torto, na cara lavada
Como pode tamanha contradição
Uma nobre no busão?!


Ela se move com ardor
Já perdeu o seu pudor
Considera-se superior
Indigna de tamanho horror

Ora minha cara, tenha a santa paciência!
Tire esse azedume e mostre um pouco de decência
Você está no lugar que lhe cabe
Só não sei se você já sabe
Mercedes-Benz é para mim e para você
Uns no banco de couro, outros cheirando a cecê

A marca do carro é a mesma do busão
Mas você parece estar na contramão
Está perdida, não tem a noção
De que sua cabeça está no carro sport
E seu corpo no sistema público de transporte
Veja só, que falta de sorte!


Desci no ponto do MASP  e vim trabalhar. Bom dia a todos. 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Humanos: a raça dominante desse planeta.


É com esse estupendo flagra da natureza humana que quero começar esse post. Não necessariamente quero abordar o conteúdo da foto agora, mas vou tentar seguir uma linha de raciocínio em que essa imagem vai se encaixar quase que o tempo todo.
Era uma vez um planeta onde todas as condições para a vida, pelo menos da forma que a conhecemos, eram pefeitas e em questão de milhões de anos, BUM, brotou da terra, da água e do fogo milhões de formas vivas absurdamente diferentes umas das outras, cada uma com sua função específica no andamento das coisas... OU NÃO.
Não vou ficar dando uma de Charles Darwin comentando toda a evolução, mas sabe-se lá porque, depois de répteis gigantes, animais marinhos intrigantes, insetos com suas estruturas complexas e uma infinidade de outras espécies, surgiram os MACACOS.
Muito peculiares esses seres... dotados de uma certa inteligência, se é que assim podemos chamar aquele senso símio, esses animais apresentaram um comportamento tão exótico quanto sua aparência física. Do ponto de vista humanamente moral (existe moral que não humana ?), são seres bestiais, desprovidos de pudor, pegam um galho de árvore e podem muito bem fazer uma dança com ele quanto enfia-lo no ânus, sem razão alguma aparente. São aleatórios, fazem coisas inesperadas, mas o grande lance desses animais são a forma como interagem entre si e a sociedade que acabaram desenvolvendo.
Não sou biólogo nem pesquisador da vida símia, apenas já assisti uma boa quantidade de programas no NatGeo, Discovery e afins, mas mesmo assim meu objetivo não é traçar um panorâma da sociedade dos macacos, eu quero chegar no seguinte ponto: sabe-se lá porque esses seres evoluíram e uma parte deles seguiu uma linha diferente na evolução e começaram a virar humanóides. Rudes, animalescos, mas começava a surgir a raça humana. O resto da história você já deve saber.

Raça humana... alcançamos hoje um status da evolução onde acreditamos sermos simplesmente a maravílha das espécies, o ser supremo e soberano. Uma arrogância ÍMPAR.
Lí na capa de uma revista que já somos 7 bilhões. Eu leio isso e fico um pouco chocado, um pouco sem reação, na verdade fico apenas intrigado. O que isso quer realmente dizer ? Estamos em uma fase de nossa própria história onde nos deparamos com a enorme quantidade de nós mesmos que circulam por aí. Somos uma raça extraordinária sim, capazes de coisas praticamente surreais como viver em cavernas, desenhando em paredes e caçando animais para se alimentar, até a partir de apenas isso transformar tudo e estar hoje aqui, como eu, dentro de uma caverna moderna de aço, vidro e cimento, sentado em uma cadeira escrevendo em uma máquina absurda que chamamos de computador. Absurda sim, o que pra nós hoje é moderno, pioneiro, avançado, num futuro próximo vai ser arcáico, como as engenhocas que vemos do passado.
Nossa raça se considerou tão superior e louvada que impôs sua vontade sobre tudo e sobre todos. Dominamos esse planeta, da forma como nenhuma outra espécie jamais fez. Estamos nos multiplicando assustadoramente por todos os lados, como uma praga, uma epidemía. Somos predadores, nosso consumo é predatório, usufruímos além do necessário e fazemos uso dos recursos naturais como se não houvesse amanhã. Provavelmente, se as coisas continuarem assim realmente não vai haver amanhã, mas quem se importa ? Somos tão extraordinários que transformamos o árido e inóspito deserto em paraíso abundante, brincamos de papai Deus e mamãe Natureza e fazemos emergir do meio do mar ilhas paradisíacas, símbolos supremos da vaidade e potência humana, como Dubai. Foda-se tudo, quem tem que se preocupar com sustentabilidade são os cientístas, biólogos e afins, afinal de contas, não é também pra isso que pagamos essa infinidade de impostos ? Não é com nosso dinheiro que o Estado financia os estudos, pesquisas e tudo mais ? Então, que façam eles o trabalho deles, vamos nós continuar nos preocupando em saber quando sai o novo disco da crazy motherfucker, o novo tempero sintético daquela marca famosa de comida e a que horas começa aquele reality na Tv. Mas POR FAVOR, quando eu conseguir juntar uma grana e decidir ir visitar o Caribe, o Alaska, a puta que paril ou qualquer outro lugar, façam o possível para que esteja tudo lá, como dizem os guias turísticos, estão ouvindo cientistas ?
Somos uma raça maravilhosa, arrogante, prepotente, divinal. HIPÓCRITAS, que adoramos falar, na maior hipocresia, que odiamos a hipocresia.
Somos praga, somos cura. Somos tudo e somos nada.
Evoluímos milhões de anos para chegar até aqui, mas a quantidade de aborígenes que ainda circulam por aí é assustadora. Já tive muito medo de fantasmas, espíritos, et´s, coisas sobrenaturais, mas hoje o que me alucina de terror são os aborígenes. Perversos, canalhas, escrotos, toda a escória da raça.
Então, estariam os seres humanos tão distantes assim dos macacos ? Dadas as devidas proporções, obviamente, cada um dentro de sua realidade, mas não seriamos nós nada mais nada menos que super macacos malucos e desenfreados, dotados de peculiaridades evolutivas que nos fazem ainda mais perigosos que os próprios macacos ?
A luta humana para se desvencilhar da condição ANIMALESCA da raça é muito confusa e ambígua, afinal de contas, somos também animais. E isso fica cada vez mais claro para todo mundo. (Aqui vai um parênteses para uma observação que me atordoa um pouco. Vejo as pessoas e as imagino realmente como macacos, vejo o formato dos rostos e penso nas raças e até onde esse indivíduo evoluiu para chegar nessas características físicas, além de observar expressões corporais e atitudes, dos símios humanos. E não me abstenho dessa avaliação, que é também válida pra mim. Me pego durante o dia tendo atitudes TOTALMENTE animalescas, me assusta um pouco, me sinto realmente um chimpanzé, e me desculpe, ninguém está livre disso, até a mais neurótica das pessoas.)
Eu tenho medo sim desse mundo superlotado desses animais assustadoramente fascinantes.

Aí volto a atenção para a foto deste post. Essa humana está totalmente imersa em sua realidade humana que tenta de todas as formas distanciá-la de sua condição animal. Ela está em um local onde o gramado é planejado, está ali porque assim quiseram, tem ao seu lado uma máquina enorme de se locomover, veste em seu corpo roupas que lhe tapa as vergonhas e lhe insere num contexto cultural determinado, enfim, uma ser humana contemporânea que desfruta de todas as maravilhas  que seus similares foram capazes de criar a fim de proporcionar o que nós julgamos ser conforto. Esse meio de vida é tão moderno, futurista, distante das selvas, savanas e do nosso passado animal, mas veja só se essa criatura não está evacuando, quer dizer, MIJANDO no meio da rua feito um cavalo, ou uma vaca, ou um MACACO ?

Tudo isso faz sentido ? Não sei.. sou apenas mais um macaco moderno indagando coisas que pra mim são relevantes e só.


                                                                      SOCORRO!



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Produto do Dia: Para quem curte ler

De vez em quando as engrenagens travam e a produção emperra, mas hoje não. O departamento de novos produtos apresentou a novidade e agora a Oficina do Diabo disponibiliza á vocês o produto do dia.
Trata-se de um texto, uma história, sobre um garoto de 16 anos e a coisa que mais o incomoda na vida: os gritos. O fato é que apesar de odia-los, ele e também todos nós, com exceção dos deficientes auditivos, temos de lidar com os gritos praticamente diariamente, pois sempre há algum infeliz disposto a gritar, seja de alegria, seja de desespero. A forma como lidamos com os problemas é que é o verdadeiro X da questão, e esse garoto tem sua forma. Se ela é certa ou errada, cabe a você julgar, afinal de contas, tem coisa que mais agrada a maioria dos seres humanos senão dar uma bela opinada sobre o comportamento alheio?

OFICINA DO DIABO: TEXTOS <- clique aqui e seja redirecionado para o texto.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Oficina do Diabo recomenda : Taking Woodstock



Se tempo é dinheiro, como dizem, a essas horas eu estaria na capa da Exame e da The Economist, não iriam mais ler PIB do Brasil, e sim Lucas Chacon, mas não, continuo sendo apenas uma grande contradição do ditado. Mas como tudo tem seu lado bom, consegui driblar o DDA e assistir Taking Woodstock - Aconteceu em Woodstock.

Elliot Tiber é um cara fodido pelas circunstâncias. Artista plástico, sonha em ir pra Califórnia montar um estúdio e criar a vontade, mas é obrigado a voltar para Greenwich Village, uma cidadezinha parada no tempo no interior de New York, para ajudar sua família com o El Mônaco Hotel Resort, que assim como eu, é uma grande contradição, pois tem pedigree no nome mas na verdade é uma espelunca caindo aos pedaços que não recebe hóspede algum e ainda sofre ameaças do banco, que quer tomar o local para pagar a hipoteca e algumas dívidas da família.
Sem perspectiva alguma, Elliot ouve dizer que uma cidadezinha vizinha acaba de cancelar um concerto musical hippie, e é quando sua veia empreendedora começa a latejar e em busca de alguns hóspedes para seu Hotel Resort ele liga para os organizadores do evento e começa a facilitar as coisas para a vinda do concerto para sua cidade.
Três semanas depois os olhos do mundo inteiro acompanhavam as mais de meio milhão de pessoas que se dirigiam para a cidade para participar de toda a magia e loucura de Woodstock, que até mesmo eu, que na época não era nem uma intenção de cópula dos meus pais, já tanto ouvi falar e conheço sobre.

Além da história toda do festival, do lance hippie, da trilha sonora animal e do enredo bem amarrado, o destaque fica para os detalhes e alguns personagens coadjuvantes que são fantásticos. Podemos começar pelos pais de Elliot, sua mãe é uma cã raivosa proveniente da Rússia, com todo o amargor e a potência desse povo que sofreu tanto. Há momentos em que você a considera hilária, mas também há momentos em que ela inspira até raiva, pois em um filme que fala tanto sobre liberdade, ela representa um grande cadeado com grossas correntes, tanto pra si mesma como pro seu filho Elliot. O pai é um bom homem, estagnado e preso também nas circunstâncias que sua vida impôs, e ele segue assim, resoluto, até conseguir se libertar de tudo isso.
Nos fundos do El Mônaco Hotel fica um celeiro que serve de moradia para uma trupe falida de atores, que são geniais, me renderam boas risadas e o combo crazy actores + mãe do Elliot é impagável, realmente muito bom.
Quando o hotel precisa de alguém responsável pela segurança surge Vilma, um ex-comandante do exército, TRAVESTI. Ele exala auto ironia e é uma personagem cativante, você termina o filme curtindo o cara.
São muitos os destaques, o filme é bem dinâmico e te deixa entretido ao longo da narrativa inteira, mas o mais legal é perceber como o festival, não propriamente dito apenas, mas desde simplesmente sua existência, acaba funcionando como um agente transformador na vida das personagens, mais que isso, libertador.

Bom, já escrevi bastante sobre o filme, se você ficou interessado chame os amiguinhos e assista que vale a pena. Depois me fale o que achou.

Última coisa: a cena da VAN é sensacional, no verdadeiro sentido da palavra, sensacioness, sensationss, rrrraww!! Quem sabe, sabe ! Viva o Woodstock !

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ode ao Rio Pinheiros

Ano passaso tive a mágica oportunidade de trabalhar em uma empresa multinacional, localizada no charmoso business center que se tornou a região da Av. das Nações Unidas, aqui em São Paulo. Entre outras delícias e delírios dos quais eu diariamente me envolvia, como vestir um terno e gravata, pegar busão lotado nesses trajes em pleno verão demoníaco até chegar no escritório ensopado de fluidos sudoríparos, o que mais me fascinava no trajeto era o Rio Pinheiros. Eu poderia discorrer agora sobre o assunto, mas o fascínio era tanto que me inspirou ao ponto de criar uma cantiga de amigo para tão peculiar obra da natureza e as intervenções humanas que fizeram deste rio o que ele é hoje.
Com vocês, Ode ao Rio Pinheiros.


Tudo começa quando amanhece o dia
Ela, empresária, bem-sucedida, que alegria
Vai trabalhar, em seu carro importado do ano, as emoções incontidas
Sabe por quê? O destino é o máximo, as Nações Unidas.


O trânsito é intenso, ela nem liga
Ar-condicionado, banco de couro, no celular uma amiga
Chega no escritório, Black Berry e salto alto
Eis que então ela se paralisa, mas não é um assalto


Vem de longe, vem manso, mas vai chegando
Arregala as narinas, e vai inspirando
“Que cheiro é esse, meu Chanel n. 5?”
Não lindeza, é o rio, apodrecendo com afinco!

 
Ao seu redor a paisagem é estonteante
Arranha-céus e a natureza, que inquietante
O Rio Pinheiros, plácido e borbulhante
Se faz presente á força, mesmo pro relutante


Ao sabor das marés você vê navegando
Móveis, dejetos, tudo com encanto
Juntando tudo, montamos até um estúdio
E se procurar bem em seu leito, acha até a Elisa Samúdio


Em São Paulo é assim, enorme o contraste
Riqueza e bosta podem até virar arte
Se quiser fazer negócios, o lugar é aqui
Nações Unidas, Brooklin, Itaim Bibi
Só vale lembrar o que é impossível esquecer
O Rio Pinheiros está aí, e você o vai sentir FEDER.


Espero um dia que algum intérprete de sucesso cante isso nas comemorações do aniversário de São Paulo, na Paulista, vai ser uma grande realização pessoal. E espero também que o rio continue assim, cada vez mais podre, inspirando (mas cuidado pra não inspirar fundo, motivos óbvios) cada vez mais seus amantes.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Já dizia a sabedoria popular...

A sabedoria popular é um grande paradoxo, tão antigo quanto Deus e o Diabo. É possível relacionar com segurança essas duas palavras, "sabedoria" e "popular" ? he he he.. Claro que sim. Com a ajuda do povo, devidamente conduzido por uma força maior, bruxas foram jogadas vivas á fogueira, o próprio Jesus Cristo teve seu destino fadado, Dilma chegará ao poder (já tá valendo "premonições"?), Lady Gaga tem seu videoclipe como o mais visto do mundo, entre outras façanhas.


A questão é que, como reza a (mal)bendita sabedoria popular, "Mente vazia é a oficina do Diabo". Partindo deste princípio, imagino eu que Belzebú em sua busca incessante por novos imóveis comerciais encontrou o seguinte anúncio "Lucas Chacon - 22 anos, recém-formado e desempregado", ou seja, um vagabundo com tempo de sobra e nada pra fazer. Sou capaz de ver os tinhosos olhinhos fumegando de prazer.

Um jovem, cheio de ideais, esperanças, ambições e (boas) intenções totalmente inutilizado e jogado ao ócio devido ás circunstâncias da vida. NEGÓCIO FECHADO - gritou o demo batendo o martelo e adquirindo o imóvel. Sem delongas instalou-se na diretoria, mobilizou o RH, pois fogo na linha de produção, acelerou o comercial e quando menos se esperava a OFICINA DO DIABO estava funcionando a pleno vapor. Como já era de se esperar os negócios estão indo de vento em popa, quanto menos coisas, responsabilidades e tarefas tenho de fazer, mais a produção aumenta, e o financeiro... Ah esse ta jeitinho que o Diabo gosta, no vermelho e sem grandes perspectivas.

Sendo assim, a mando da diretoria, visando seguir as tendências do mercado internacional, estamos criando aqui nosso departamento digital, o canal direto entre a nossa empresa, a Oficina do Diabo, com todos vocês consumidores e pobres diabos.

Fiquem atentos ás novidades, aos novos produtos e á todas as maravilhas que só a Mente Vazia - Oficina do Diabo é capaz de trazer a vocês.



Uma boa noite, durmam com os anjos.................. mwhahaha (risada do final de Thriller - Michael Jackson)