quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Oficina do Diabo recomenda : Taking Woodstock



Se tempo é dinheiro, como dizem, a essas horas eu estaria na capa da Exame e da The Economist, não iriam mais ler PIB do Brasil, e sim Lucas Chacon, mas não, continuo sendo apenas uma grande contradição do ditado. Mas como tudo tem seu lado bom, consegui driblar o DDA e assistir Taking Woodstock - Aconteceu em Woodstock.

Elliot Tiber é um cara fodido pelas circunstâncias. Artista plástico, sonha em ir pra Califórnia montar um estúdio e criar a vontade, mas é obrigado a voltar para Greenwich Village, uma cidadezinha parada no tempo no interior de New York, para ajudar sua família com o El Mônaco Hotel Resort, que assim como eu, é uma grande contradição, pois tem pedigree no nome mas na verdade é uma espelunca caindo aos pedaços que não recebe hóspede algum e ainda sofre ameaças do banco, que quer tomar o local para pagar a hipoteca e algumas dívidas da família.
Sem perspectiva alguma, Elliot ouve dizer que uma cidadezinha vizinha acaba de cancelar um concerto musical hippie, e é quando sua veia empreendedora começa a latejar e em busca de alguns hóspedes para seu Hotel Resort ele liga para os organizadores do evento e começa a facilitar as coisas para a vinda do concerto para sua cidade.
Três semanas depois os olhos do mundo inteiro acompanhavam as mais de meio milhão de pessoas que se dirigiam para a cidade para participar de toda a magia e loucura de Woodstock, que até mesmo eu, que na época não era nem uma intenção de cópula dos meus pais, já tanto ouvi falar e conheço sobre.

Além da história toda do festival, do lance hippie, da trilha sonora animal e do enredo bem amarrado, o destaque fica para os detalhes e alguns personagens coadjuvantes que são fantásticos. Podemos começar pelos pais de Elliot, sua mãe é uma cã raivosa proveniente da Rússia, com todo o amargor e a potência desse povo que sofreu tanto. Há momentos em que você a considera hilária, mas também há momentos em que ela inspira até raiva, pois em um filme que fala tanto sobre liberdade, ela representa um grande cadeado com grossas correntes, tanto pra si mesma como pro seu filho Elliot. O pai é um bom homem, estagnado e preso também nas circunstâncias que sua vida impôs, e ele segue assim, resoluto, até conseguir se libertar de tudo isso.
Nos fundos do El Mônaco Hotel fica um celeiro que serve de moradia para uma trupe falida de atores, que são geniais, me renderam boas risadas e o combo crazy actores + mãe do Elliot é impagável, realmente muito bom.
Quando o hotel precisa de alguém responsável pela segurança surge Vilma, um ex-comandante do exército, TRAVESTI. Ele exala auto ironia e é uma personagem cativante, você termina o filme curtindo o cara.
São muitos os destaques, o filme é bem dinâmico e te deixa entretido ao longo da narrativa inteira, mas o mais legal é perceber como o festival, não propriamente dito apenas, mas desde simplesmente sua existência, acaba funcionando como um agente transformador na vida das personagens, mais que isso, libertador.

Bom, já escrevi bastante sobre o filme, se você ficou interessado chame os amiguinhos e assista que vale a pena. Depois me fale o que achou.

Última coisa: a cena da VAN é sensacional, no verdadeiro sentido da palavra, sensacioness, sensationss, rrrraww!! Quem sabe, sabe ! Viva o Woodstock !

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ode ao Rio Pinheiros

Ano passaso tive a mágica oportunidade de trabalhar em uma empresa multinacional, localizada no charmoso business center que se tornou a região da Av. das Nações Unidas, aqui em São Paulo. Entre outras delícias e delírios dos quais eu diariamente me envolvia, como vestir um terno e gravata, pegar busão lotado nesses trajes em pleno verão demoníaco até chegar no escritório ensopado de fluidos sudoríparos, o que mais me fascinava no trajeto era o Rio Pinheiros. Eu poderia discorrer agora sobre o assunto, mas o fascínio era tanto que me inspirou ao ponto de criar uma cantiga de amigo para tão peculiar obra da natureza e as intervenções humanas que fizeram deste rio o que ele é hoje.
Com vocês, Ode ao Rio Pinheiros.


Tudo começa quando amanhece o dia
Ela, empresária, bem-sucedida, que alegria
Vai trabalhar, em seu carro importado do ano, as emoções incontidas
Sabe por quê? O destino é o máximo, as Nações Unidas.


O trânsito é intenso, ela nem liga
Ar-condicionado, banco de couro, no celular uma amiga
Chega no escritório, Black Berry e salto alto
Eis que então ela se paralisa, mas não é um assalto


Vem de longe, vem manso, mas vai chegando
Arregala as narinas, e vai inspirando
“Que cheiro é esse, meu Chanel n. 5?”
Não lindeza, é o rio, apodrecendo com afinco!

 
Ao seu redor a paisagem é estonteante
Arranha-céus e a natureza, que inquietante
O Rio Pinheiros, plácido e borbulhante
Se faz presente á força, mesmo pro relutante


Ao sabor das marés você vê navegando
Móveis, dejetos, tudo com encanto
Juntando tudo, montamos até um estúdio
E se procurar bem em seu leito, acha até a Elisa Samúdio


Em São Paulo é assim, enorme o contraste
Riqueza e bosta podem até virar arte
Se quiser fazer negócios, o lugar é aqui
Nações Unidas, Brooklin, Itaim Bibi
Só vale lembrar o que é impossível esquecer
O Rio Pinheiros está aí, e você o vai sentir FEDER.


Espero um dia que algum intérprete de sucesso cante isso nas comemorações do aniversário de São Paulo, na Paulista, vai ser uma grande realização pessoal. E espero também que o rio continue assim, cada vez mais podre, inspirando (mas cuidado pra não inspirar fundo, motivos óbvios) cada vez mais seus amantes.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Já dizia a sabedoria popular...

A sabedoria popular é um grande paradoxo, tão antigo quanto Deus e o Diabo. É possível relacionar com segurança essas duas palavras, "sabedoria" e "popular" ? he he he.. Claro que sim. Com a ajuda do povo, devidamente conduzido por uma força maior, bruxas foram jogadas vivas á fogueira, o próprio Jesus Cristo teve seu destino fadado, Dilma chegará ao poder (já tá valendo "premonições"?), Lady Gaga tem seu videoclipe como o mais visto do mundo, entre outras façanhas.


A questão é que, como reza a (mal)bendita sabedoria popular, "Mente vazia é a oficina do Diabo". Partindo deste princípio, imagino eu que Belzebú em sua busca incessante por novos imóveis comerciais encontrou o seguinte anúncio "Lucas Chacon - 22 anos, recém-formado e desempregado", ou seja, um vagabundo com tempo de sobra e nada pra fazer. Sou capaz de ver os tinhosos olhinhos fumegando de prazer.

Um jovem, cheio de ideais, esperanças, ambições e (boas) intenções totalmente inutilizado e jogado ao ócio devido ás circunstâncias da vida. NEGÓCIO FECHADO - gritou o demo batendo o martelo e adquirindo o imóvel. Sem delongas instalou-se na diretoria, mobilizou o RH, pois fogo na linha de produção, acelerou o comercial e quando menos se esperava a OFICINA DO DIABO estava funcionando a pleno vapor. Como já era de se esperar os negócios estão indo de vento em popa, quanto menos coisas, responsabilidades e tarefas tenho de fazer, mais a produção aumenta, e o financeiro... Ah esse ta jeitinho que o Diabo gosta, no vermelho e sem grandes perspectivas.

Sendo assim, a mando da diretoria, visando seguir as tendências do mercado internacional, estamos criando aqui nosso departamento digital, o canal direto entre a nossa empresa, a Oficina do Diabo, com todos vocês consumidores e pobres diabos.

Fiquem atentos ás novidades, aos novos produtos e á todas as maravilhas que só a Mente Vazia - Oficina do Diabo é capaz de trazer a vocês.



Uma boa noite, durmam com os anjos.................. mwhahaha (risada do final de Thriller - Michael Jackson)