Elliot Tiber é um cara fodido pelas circunstâncias. Artista plástico, sonha em ir pra Califórnia montar um estúdio e criar a vontade, mas é obrigado a voltar para Greenwich Village, uma cidadezinha parada no tempo no interior de New York, para ajudar sua família com o El Mônaco Hotel Resort, que assim como eu, é uma grande contradição, pois tem pedigree no nome mas na verdade é uma espelunca caindo aos pedaços que não recebe hóspede algum e ainda sofre ameaças do banco, que quer tomar o local para pagar a hipoteca e algumas dívidas da família.
Sem perspectiva alguma, Elliot ouve dizer que uma cidadezinha vizinha acaba de cancelar um concerto musical hippie, e é quando sua veia empreendedora começa a latejar e em busca de alguns hóspedes para seu Hotel Resort ele liga para os organizadores do evento e começa a facilitar as coisas para a vinda do concerto para sua cidade.
Três semanas depois os olhos do mundo inteiro acompanhavam as mais de meio milhão de pessoas que se dirigiam para a cidade para participar de toda a magia e loucura de Woodstock, que até mesmo eu, que na época não era nem uma intenção de cópula dos meus pais, já tanto ouvi falar e conheço sobre.
Além da história toda do festival, do lance hippie, da trilha sonora animal e do enredo bem amarrado, o destaque fica para os detalhes e alguns personagens coadjuvantes que são fantásticos. Podemos começar pelos pais de Elliot, sua mãe é uma cã raivosa proveniente da Rússia, com todo o amargor e a potência desse povo que sofreu tanto. Há momentos em que você a considera hilária, mas também há momentos em que ela inspira até raiva, pois em um filme que fala tanto sobre liberdade, ela representa um grande cadeado com grossas correntes, tanto pra si mesma como pro seu filho Elliot. O pai é um bom homem, estagnado e preso também nas circunstâncias que sua vida impôs, e ele segue assim, resoluto, até conseguir se libertar de tudo isso.
Nos fundos do El Mônaco Hotel fica um celeiro que serve de moradia para uma trupe falida de atores, que são geniais, me renderam boas risadas e o combo crazy actores + mãe do Elliot é impagável, realmente muito bom.
Quando o hotel precisa de alguém responsável pela segurança surge Vilma, um ex-comandante do exército, TRAVESTI. Ele exala auto ironia e é uma personagem cativante, você termina o filme curtindo o cara.
São muitos os destaques, o filme é bem dinâmico e te deixa entretido ao longo da narrativa inteira, mas o mais legal é perceber como o festival, não propriamente dito apenas, mas desde simplesmente sua existência, acaba funcionando como um agente transformador na vida das personagens, mais que isso, libertador.
Bom, já escrevi bastante sobre o filme, se você ficou interessado chame os amiguinhos e assista que vale a pena. Depois me fale o que achou.
Última coisa: a cena da VAN é sensacional, no verdadeiro sentido da palavra, sensacioness, sensationss, rrrraww!! Quem sabe, sabe ! Viva o Woodstock !